segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Jessica Rules the Dark Side "Prólogo"

Boa Noite pessoas...

Hoje eu vim deixar só mais um gostinho do livro novo de Jessica/Antanasia e nosso lindo Lucios. Pois bem é o prólogo do livro que foi traduzido e liberado para nossa alegria...

Ao prólogo:

– Mamãe?

A neve rodopia em volta da figura de costas para mim, que veste uma capa vermelha… A cor de Mihaela. A rainha que um dia governou os Dragomir parece uma mancha de sangue contra a vastidão branca, mas mesmo assim sua aparência é forte e marcante como uma rocha pontiaguda dos Cárpatos, que se erguem ao redor da solitária montanha romena onde nós dois sempre nos encontramos. Eu me aproximo dela sem entender. Por que ela não se vira para me cumprimentar?

– Mamãe?

E então Mihaela Dragomir gira o corpo em minha direção, seu rosto obscurecido pelo capuz da capa. Ela carrega um objeto, algo que aperta contra o peito do modo como uma freira segura uma cruz. Mas Mihaela não é uma freira humilde e devota, e aquela coisa… aquilo não é uma relíquia sagrada.

A estaca… A estaca ensanguentada…

A estaca que Lucius usou para destruir seu tio – e que ele quase usou para…

– Não! Nunca!

Debatendo-me e lutando contra algo que parecia exercer pressão sobre o meu peito, eu me esforcei para me sentar e abrir os olhos, e vi a luz bruxuleante do fogo contra a pedra. Por alguns segundos, não sabia onde estava.

Lentamente, fui me dando conta do ambiente em que me encontrava. Era a casa de Lucius – nossa casa. Era nossa cama. A pressão em meu peito vinha dos pesados cobertores que usávamos para conseguir dormir no quarto enorme e friorento de Lucius – meu e de Lucius –, apesar de a lareira estar sempre acesa.

Respirando fundo, estiquei meu braço e descansei a mão no ombro de Lucius, e aquilo pareceu me assegurar de que tudo estava bem. Enquanto ele estivesse comigo, eu estaria bem.

Mas algumas imagens do pesadelo insistiam em voltar à minha mente.

A estaca que eu não via desde a noite que Lucius pressionou suas presas contra o meu pescoço, recriando-me como vampira…

Por que eu havia sonhado com isso? E por que minha mãe biológica, que nunca iria me machucar, estava segurando aquele objeto?

Eu já sonhava com Mihaela quando morava na Pensilvânia, mas os sonhos se tornaram mais frequentes depois que me casei com Lucius e me mudei para a Romênia. Era como se minha mãe, morta logo após o meu nascimento, quisesse me proteger enquanto eu tentava seguir seus passos e me tornar uma governante, com a ajuda do diário que ela havia deixado para mim. Um presente de casamento póstumo que me ensinaria a me tornar uma princesa.

Meu coração disparou novamente. Eu estava aprendendo? Eu estava tentando…

Voltando para debaixo das cobertas, eu me aproximei de Lucius na enorme cama – a mesma cama, ele confessou certa vez, em que os Anciões Vladescu tinham esperado que ele tirasse minha vida, removendo convenientemente sua noiva Dragomir da equação e permitindo que os Vladescu tivessem domínio total sobre ambas as famílias. Impaciente, eu me atraquei com as cobertas, como se estivesse nadando por elas, querendo estar logo ao lado de Lucius.

Tudo em sua casa – NOSSA casa – às vezes parecia grande demais. Inclusive as preocupações. Lucius dormia em seu lado da cama, de costas para mim, e apertei meu corpo contra o dele. Desde o momento que ele me mordeu, passei a compartilhar a frieza de sua carne. Naquela noite, Lucius uniu nossos destinos e selou o pacto que decretava nosso casamento, acabando com a guerra entre nossas famílias. Abraçando cada vez mais forte o meu marido – essa palavra ainda soava tão estranha –, fiquei escutando sua respiração, algo que sempre me acalmava quando eu estava nervosa. Lucius não tinha medo de nada. A ideia de governar os clãs o fascinava, afinal ele nascera e fora criado para isso.

Ou será que ele se preocupava às vezes?

– Lucius?

Deitei-me de lado, apoiada no cotovelo, e sacudi seus ombros com delicadeza. Eu precisava ver seus olhos negros e ouvir sua voz grave e reconfortante.

– Lucius?

– Oi – murmurou.

Ele se deitou de costas e procurou por mim debaixo das cobertas, que eram sofisticadas e pesadas e me faziam sentir saudade dos meus cobertores macios de flanela gasta e da minha cama na Pensilvânia. Mas como uma princesa poderia preferir flanela?

– Oi, Jessica.

Minha mão repousava no peito de Lucius e sua respiração era tão lenta que achei que ele ainda estivesse dormindo. Mesmo assim, não pude deixar de perguntar num sussurro, para que os guardas do outro lado da porta não ouvissem:

– O que significa um vampiro sonhar com uma estaca?

Lucius não respondeu e me dei conta de que ele ainda dormia, certamente esgotado depois de mais um dia de negociações para reunificar nossas obstinadas famílias. Então me deitei e me aninhei perto dele. Em resposta à pressão do meu corpo, ele me puxou para perto e eu senti seu poderoso corpo de guerreiro contra o meu, como um escudo às minhas costas.

No topo daquela montanha romena, no coração de um castelo confuso que eu supostamente governava, mas onde eu ainda me perdia nos corredores tortuosos, o tempo parou. Até o fogo pareceu emudecer. Após alguns minutos me esforçando para esquecer o pesadelo, eu estava quase adormecendo novamente quando Lucius de repente resmungou, quase em um murmúrio, sua respiração fria em meu pescoço:

– Traição.

Eu congelei em seus braços. Será que ele estava respondendo à minha pergunta ou preso em seus próprios sonhos? Seus próprios pesadelos?

Mesmo que fosse o último caso, não era nada reconfortante. Meu marido por acaso tinha algo desleal em sua mente? Que se relacionasse com traição? Lucius, como todos os vampiros, dava muito valor aos sonhos…

– Traição – repeti a palavra em voz alta, para ter certeza de que era isso mesmo que ele havia dito. Ao som da minha voz, que era suave mas sonora o suficiente para quebrar o profundo silêncio do topo da montanha, Lucius me abraçou, inquieto, com seu braço forte marcado por cicatrizes, prendendo-me contra o seu peito.

Tentei afastar um pouco a mão dele, querendo mais espaço para respirar. Mesmo assim ele não me largou, por isso tentei novamente. Com a ponta dos dedos pude sentir outra cicatriz – um “X” na palma de sua mão que o marcava como meu, feita em nossa cerimônia de casamento – e sua aliança na mão esquerda. Sua mão dominante. A mão que ele havia usado para segurar a estaca enquanto me agarrava de uma maneira diferente, no mesmo castelo, poucos meses atrás.


Bem gente é isso... Xerim BaBy's